Monitoramento ambiental aponta permanência de botos e tartarugas na região do estaleiro
Dando continuidade à série de reportagens sobre os programas de monitoramento ambiental da Enseada, o Navegando Juntos publica nesta quinta-feira (04) uma matéria sobre o Programa de Monitoramento de Cetáceos e Quelônios (botos e tartarugas marinhas, respectivamente). Estudos realizados pela Ecomon Consultoria Ambiental entre 2012 e julho de 2016, mostram que a presença dessas espécies continua constante da região do entorno ao estaleiro – foz do Rio Paraguaçu e porção sudoeste da Baía de Todos os Santos. Ao todo, 13 campanhas de monitoramento foram realizadas no período.
Para chegar até esse resultado, foram utilizados métodos diversificados a fim de identificar e caracterizar a população de botos residentes na região do Rio Paraguaçu (observação por mirantes e barcos, foto-identificação e bioacústica), além da realização do monitoramento de praias para registros de quelônios. Apenas em 2015, as campanhas de monitoramento de cetáceos somaram 600 horas, com 100% de avistagem, totalizando 5.060 visualizações de botos. No mesmo ano, durante o monitoramento de praia, foi percorrida uma distância de 1252 km, em 224 horas, com a visualização de apenas quatro carcaças de tartarugas marinhas.
De acordo com Diego Medeiros, biólogo da Ecomon, o monitoramento das tartarugas é feito através da quantidade de carcaças encontradas nas praias. “As principais ameaças a essas espécies na área monitorada e na costa do Brasil são a ingestão de sacos plásticos, anzóis e redes, objetos utilizados na pesca e que ao cair ao mar podem provocar acidentes ou enfermidades nas tartarugas”, explicou o biólogo.
No estudo elaborado pela empresa de consultoria ambiental consta que a maioria dos botos avistados e reavistados (número maior do que 65%) são considerados indivíduos residentes da região, com base nos monitoramentos de 2012, 2013 e 2014. “A atividade da pesca foi o comportamento mais observado nesses animais durante os períodos monitorados. Constatamos também que a presença de embarcações não tem afetado negativamente os botos, visto que em 65% dos episódios as reações comportamentais desses animais foram neutras, mantendo-os no local”, revelou o biólogo ao reforçar que desde o início dos monitoramentos não ocorreu nenhuma alteração na população desses animais.
Segundo Alexandre Silva, técnico de Sustentabilidade da Enseada Indústria Naval, os relatórios da Ecomon apontam que ao longo de 13 campanhas não foram encontradas variações no comportamento dos animais estudados, indicando que as atividades da Enseada não estão prejudicando o desenvolvimento dos indivíduos. “Desde 2012, apenas uma morte de boto foi constatada e, após necropsia, foi comprovado que a causa mortis não tinha relação com as atividades do empreendimento”, afirmou o técnico.
As áreas de monitoramento de quelônios contemplam as localidades de Araripe – Bom Jesus – Acupe (trecho 1) e Enseada do Paraguaçu – Barra do Paraguaçu – Salinas da Margarida (trecho 2). Já os cetáceos são monitorados ao longo das águas do Rio Paraguaçu e de parte da Baía de Todos os Santos.
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