Os desafios da produtividade e competitividade da indústria naval brasileira
A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) realizou na quinta-feira (30), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), mais uma edição do “Café com Energia”. O 26º encontro, patrocinado pelo Estaleiro Enseada, teve como tema o “Ressurgimento da Indústria Naval no Brasil (2000 — 2013)”, com palestras apresentadas por Carlos Campos e Fabiano Pompermayer, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), autores do livro de mesmo nome, lançado em julho desse ano.
Depois de quase duas décadas em vias de extinção no país, a construção naval cresce 19,5% ao ano desde 2004, graças às encomendas da Petrobras e investimentos que correspondem a cerca de R$ 150 bilhões. De acordo com o crescimento previsto pela estatal, a expansão da produção de petróleo e gás do pré-sal levará a indústria naval a faturar em torno de 17 bilhões de dólares até 2020.
A cadeia, que empregava apenas 1,9 mil trabalhadores há 14 anos, gera 78 mil postos de trabalho e as expectativas até 2017 apontam para a marca de cem mil oportunidades para acompanhar a demanda do setor. Entretanto, a demanda por profissionais especializados não acompanha a oferta de mercado, dificultando a maior inserção produtiva e competitiva do mercado brasileiro no cenário internacional.
“O chamado Custo Brasil, que onera a mão de obra, impostos e insumos, impede o produto nacional de concorrer em pé de igualdade com produtos importados. O aumento da competitividade do setor de navipeças está fundamentalmente atrelado à queda dos prazos de produção, eficiência e desempenho dos processos de engenharia. Mas os fornecedores brasileiros queixam-se da perda da competência da engenharia nacional” afirmou Carlos Campos, pesquisador do Ipea.
Os autores destacaram a necessidade de previsibilidade da carteira de encomendas e dos estímulos governamentais para que a indústria naval brasileira não cometa os erros do passado, quando o ciclo desenvolvimentista esgotou-se e a base da política industrial do país ficou seriamente comprometida.