Lideranças políticas da Bahia se unem em defesa da Enseada Indústria Naval
Autoridades políticas da Bahia se reuniram nesta segunda-feira (25/05) na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador, com um objetivo em comum: unir forças para garantir a retomada das obras e da operação do estaleiro da Enseada Indústria Naval. As principais linhas de discussão foram voltadas para a ratificação pela Petrobras do programa de exploração do pré-sal, a liberação do financiamento de R$ 600 milhões aprovados pelo Fundo de Marinha Mercante (FMM), mas que até o momento não foi liberado pelos bancos repassadores, e o pagamento, pela Sete Brasil, de serviços já executados pelo estaleiro na fabricação das sondas de perfuração. Dada a gravidade da crise de liquidez vivida pela Enseada, a expectativa é que isso aconteça nos próximos dias.
Parlamentares de diversos partidos que estiveram presentes no evento reconheceram a importância do empreendimento para o Estado, bem como os impactos econômicos e sociais causados com a paralisação do estaleiro. Através desse consenso, surgiu a ideia de criar um ‘Partido do Povo Baiano’ para defender àqueles que têm sido afetados pela crise de liquidez na indústria naval.
Vera Lucia Santos, prefeita de Maragojipe, lamentou os atuais índices do município. “Temos hoje uma taxa de desemprego muito grande, prejuízos no comércio, lojas fechando. É difícil e triste ver essa situação. Outro impacto tem sido também na geração de receita”, disse a gestora da cidade. Entre os anos de 2011 e 2015 a Enseada Indústria Naval desembolsou mais de R$ 37 milhões em impostos para os municípios da região. Na esfera estadual o valor pago equivale a mais de R$ 22 milhões e no âmbito federal ultrapassa os R$ 62 milhões. Já o histórico de pagamentos de encargos sociais (INSS e FGTS) representa mais R$ 205 milhões.
O presidente da Enseada, Fernando Barbosa, falou sobre o momento vivido pelo estaleiro e a situação dos empresários locais motivada pelo desemprego na região. “Nossa chegada no Recôncavo trouxe uma série de oportunidades para os moradores. Somos uma indústria fertilizadora e agora enfrentando uma crise de liquidez no setor que nos afeta profundamente. Fizemos um investimento altíssimo em tecnologia, mandamos pessoas para serem treinadas no Japão no estaleiro da Kawasaki e isso tudo neste momento está paralisado”, frisou o presidente. Ainda de acordo com ele, o estaleiro tem contado com apoio dos acionistas e dos governos da Bahia e do Japão. “O governo japonês tem nos apoiado incondicionalmente. Sempre tivemos também um apoio do Estado, uma parceria estreita e fundamental”, revelou.
Para Ricardo Alban, presidente da FIEB, um empreendimento do porte do estaleiro Enseada é estratégico para a economia local e para o resgate da indústria naval nacional. “São investimentos da ordem de R$ 3,2 bilhões que têm efeitos muito positivos para o emprego, a renda e a arrecadação em municípios com baixo desenvolvimento econômico e social. Além disso, o empreendimento pode contribuir para a revitalização do segmento metalmecânico baiano. Trata-se de um projeto estruturante e de grande impacto para a indústria, em razão dos seus efeitos multiplicadores para a economia, em especial no momento em que enfrentamos uma crise econômica”, afirmou Alban.
Também presente na reunião, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (SINTEPAV), Bebeto Galvão, salientou que a retomada da indústria naval na Bahia foi uma decisão política do Estado, não somente dos acionistas do empreendimento. “Temos que olhar para o valor que esse estaleiro tem para a vida da Bahia. Não podemos permitir a interrupção daquela obra, nem das atividades industriais por tudo que isso representa. O estaleiro não pode ser compreendido como apenas dos acionistas e sim como uma conquista do povo baiano. Hoje, temos mais de 6 mil pessoas desligadas das suas atividades na Enseada”, pontuou Bebeto. Entre novembro de 2014 e março de 2015, a massa salarial anualizada retirada do mercado com as demissões foi de R$ 120 milhões, impactando Maragojipe, Salinas da Margarida e todo o Recôncavo.
Principais números da Enseada
- Investimento total na Bahia: R$ 3,2 bilhões
- Investimento já realizado na Bahia: R$ 2,6 bilhões
- Investimento realizado em transferência tecnológica: US$ 85 milhões
- Geração de empregos no pico das obras: 7.200 trabalhadores, sendo 87% de baianos
- Investimentos já realizados em ações sociais no entorno: R$ 40 milhões
- Pagamentos de tributos até o momento: R$ 326 milhões (Federal, Estadual e Municipal)
- Carteira de contratos com a Sete Brasil: US$ 4,8 bilhões – fabricação, na Bahia, de seis sondas de perfuração
- Carteira de contratos com a Petrobras: US$ 1,7 bilhão – conversão, no Rio de Janeiro, de quatro cascos de navios VLCCs em FPSOs
Assista abaixo o vídeo que mostra os impactos sociais sofridos na região