
No segundo dia de Fliquinha, crianças fazem fila para ver o lançamento de ”A Mãe do Timbó”
Quando Jamile Menezes, mais conhecida na Fliquinha por Boneca Zamília, entrou em cena nesta sexta-feira, o Cine Theatro Cachoeirano já estava completamente lotado, e com fila na porta. Essa movimentação toda foi por causa do lançamento e contação de história do livro “A Mãe do Timbó”, uma publicação da Enseada de autoria do antropólogo Vilson Caetano e Maria das Mercês Ferreira, moradora do Quilombo Calolé, em Cachoeira. A ação faz parte da programação do Estaleiro na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) que começou na quarta-feira e vai até domingo (2).
Segundo Sandra Costa, coordenadora de Responsabilidade Social da Enseada, com um trabalho de pesquisa apurado e bem planejado foi possível trazer esse ano para a Flica um pouco da história dos quilombos cachoeiranos. “O objetivo da Enseada é fazer multiplicar o conhecimento dessas histórias, das pessoas oriundas da escravidão. Foi nítida a propagação dos conteúdos disponibilizados. Percebemos um interesse muito grande por parte dos professores. O nosso estande ficou lotado hoje. Com atividades lúdicas e recreativas, as crianças se envolveram. Os adultos conheceram as mais recentes publicações do Estaleiro e também ficaram encantados”, comentou a coordenadora.
Carinhosamente apelidada de Cecé, Maria das Mercês deseja que o livro seja visto por muitos e espalhado pelas escolas. “É preciso que vocês entendam os saberes dos antigos. Quem mora na cidade não conhece os nossos movimentos na roça, os costumes que a gente tem”, argumentou.
Lorena Santos, 11 anos, é cachoeirana e estuda o 5° ano no Centro Educacional Batista Betel. Ela acompanhou o lançamento do livro e foi até o estande da Enseada participar das dinâmicas. “Achei muito legal e interessante a história contada por Zamília. Gostei da parte que fala dos costumes quilombolas, das frutas. Eu e meus colegas adoramos a contadora porque ela é muito carismática”, relatou.
O professor de Lorena, Rafael Pereira, é responsável pelo Ensino Fundamental I e administra todas as matérias. Ele conduziu à Fliquinha 21 estudantes e também ficou maravilhado com o que viu. “A ideia de mostrar em livros uma cultura tão importante e que geralmente é esquecida pelas grandes mídias foi sensacional. O que me deixou feliz foi que eles se identificaram e descobriram que a história dessa gente está mais perto do que eles imaginavam. Eles entenderam que não é preciso ir longe buscar informações sobre os quilombos. Eles estão aqui perto de nós, os quilombolas somos nós. A miscigenação do nosso povo nos identifica como um só”, ressaltou o professor.
Segundo Rafael, na próxima segunda-feira, os seus alunos terão uma atividade de avaliação especial: irão interpretar o livro “A Mãe do Timbó”. “O Estaleiro está estimulando a preservação da cultura quilombola e eu agradeço por ter esse rico material para trabalhar em sala de aula”, completou.
Programação para amanhã
A expectativa é que a Flica receba no sábado (1º) o maior número de visitantes de todos os dias do evento. Para isso, a Enseada vai promover ações especiais com o objetivo de disseminar para o maior número de pessoas a cultura do Recôncavo. Confira abaixo a programação:
9h30 – Fliquinha (cinema): Contação da história “O Homem que Virava Bicho e o Bicho que Virava Homem”
10h – Praça Teixeira de Freitas: Abertura do estande da Enseada, com atividades infantis
15h30 – Praça Teixeira de Freitas: Exibição do vídeo “2ª Chegança de Saubara”
16h às 18h – Praça Teixeira de Freitas: Apresentação da Marujada de Saubara
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Jamile Menezes