Documentário produzido pela Enseada valoriza a tradição da marujada
A tradição da Marujada, transmitida de geração para geração, foi registrada pela Enseada Indústria Naval através de um documentário gravado durante o II Encontro de Cheganças da Bahia, realizado em agosto deste ano, em Saubara. O vídeo mostra as apresentações de nove grupos de cheganças de seis municípios baianos, além de depoimentos de alguns mestres que relatam a importância dessa manifestação para a cultura do Estado.
Por meio de encenações cantadas e faladas, as cheganças de marujos apresentam uma luta que acontece dentro de uma embarcação em alto mar, geralmente entre mouros e cristãos. São festas realizadas no Brasil inspiradas na saga marítima portuguesa. “É uma brincadeira muito bonita e eu acredito que não deve acabar. Nós vivemos em um mundo onde parte da juventude está perdida e eu vejo na cultura uma possibilidade de mudar isso. Quando alguém se envolve com algo bom, a mente dessa pessoa muda e ela para de pensar em coisas ruins, pois está lidando com coisas culturais, por exemplo”, opinou Mestre Mouro, membro da Chegança de Mouros Barca Nova Masculina de Saubara.
A maioria dos participantes das marujadas ingressou nas respectivas cheganças ainda na infância. É o caso de Zé Carlos, mestre da Chegança de Jacobina. “Eu saio desde os meus 12 anos. Passei a ser calafate, depois pandeirista e hoje sou mestre. Foi uma tradição que meu avô passou para mim e eu estou até hoje. Transmiti para o meu neto e ele, mesmo pequenininho, já sai”, contou orgulhoso.
Perpetuação de uma cultura
O Estaleiro, instalado na região de Maragojipe, reconhece a importância de certas manifestações para as comunidades, principalmente o patrimônio cultural presente no Recôncavo Baiano. “Buscamos desenvolver ações para valorizar e perpetuar essa cultura. Isso se concretiza com o lançamento das cartilhas sobre as tradições quilombolas de Maragojipe, o apoio à casa de samba de Santo Amaro e agora com o documentário sobre o Encontro de Cheganças em Saubara”, revelou Humberto Rangel, diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade da Enseada.
Para o organizador do evento e contramestre do grupo Fragata Brasileira, Rosildo do Rosário, os elementos culturais mostrados na marujada, associados a outras tradições, formam a raiz do povo brasileiro. “Esses elementos eram conhecidos apenas pela oralidade. Hoje estamos na era da comunicação e, graças à tecnologia, conseguimos registrar nossa cultura e passar para as gerações futuras”, comentou Rosildo ao falar sobre a importância do documentário produzido pela Enseada.
Desde o ano passado, o Estaleiro apoia as manifestações culturais de diferentes localidades do Recôncavo. “Este ano, pela terceira vez, vamos participar da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). Todas as nossas ações promocionais no evento são voltadas para as questões culturais da região, especialmente as que envolvem as tradições quilombolas. Há cerca de dois meses entregamos para a comunidade de Enseada, vizinha ao empreendimento, o Boi Janeiro, um símbolo da cultura local que estava sendo esquecido”, pontuou o diretor.
O documentário sobre o Encontro de Cheganças já está disponível no nosso canal no Youtube. Para assistir, clique no display abaixo.